quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Reencontrando a Felicidade - Rabbit Hole


Rabbit Hole, “O Buraco do Coelho”, referência à toca do coelho de Alice no País das Maravilhas, a entrada para  um mundo novo e maravilhoso, que serve como refúgio para a personagem da literatura, um lugar onde ela encontra a felicidade, quando alcança seus objetivos, é como uma passagem desse mundo cinzento que a gente vive para um mundo melhor do que a realidade.  Essa deveria ter sido a tradução do titulo de Reencontrando A Felicidade, que apesar de ser um bom nome não representa bem o que o filme quer passar ao espectador.
Na trama, adaptada de uma peça de teatro. Becca e Howie tentam superar a recente perda do seu único filho, nada original até aí. Mas a execução dessa idéia, desde a concepção do roteiro, até as atuações e a direção, é o que torna o filme um dos melhores dramas que eu tive o prazer de assistir nos últimos tempos.
O roteiro é assinado pelo próprio escritor da peça, David Lindsay-Abaire, e é de uma sutileza que chama a atenção, aí esta a melhor coisa do filme, ao longo do desenvolvimento da história, principalmente quem assiste muito filme fica a cada cena esperando que aconteça um clichê, que esta na cara que vai acontecer, mas isso nunca acontece, a história e os acontecimentos são lineares e essa ausência de grandes ‘plot twists’ acaba sendo a grande surpresa do filme. Isso torna o filme muito mais realista, muito mais visceral, através de grandes cenas como a discussão sobre o cachorro (se você ver o filme você entenderá...) ou como o autor lida com Jason, o garoto ‘culpado’ pelo acidente.
Esse “clima” se reflete perfeitamente na direção de John Cameron Mitchell e nas atuações, principalmente a de Nicole Kidman (Becca), que não esta tão bem desde meados de 2005/2006. Ela rouba todas as cenas em que aparece, esta perfeita como alguém que é educada, contida, mas está aprisionando um mundo de emoções e ‘tenta’ transparecer que esta tudo bem. E ela consegue mostrar isso perfeitamente sem muita briga, sem muita gritaria.  Grande destaque também, a Aaron Eckhart (Howie) que ama Becca e convive com a obsessão dela de tentar seguir em frente a todo o custo, e Dianne Wiest, que interpreta a mãe de Becca, apesar de nenhum dos dois estar tão bem quanto Kidman.
O filme tem algumas tramas secundarias que não são muito bem desenvolvidas, como a de Gaby, colega no grupo de pais que perderam filhos, interpretada por Sandra Oh (da série Grey’s Anatomy), mas ainda assim são necessárias para balancear o roteiro. Por outro lado existe a trama de Jason, que é tão bem feita, tão bem construída, e o desconhecido Miles Teller interpreta tão bem o garoto, aí está à explicação do titulo original, excelente.
Reencontrando a Felicidade/Rabbit Hole é um filme sobre tristeza, sobre a real felicidade, sobre a hora certa de seguir em frente e como fazer isso sem ter que abrir mão do passado tão bruscamente. Recomendado!

-MUITO BOM-

Reencontrando a Felicidade --- IMDB
Rabbit Hole | direção: John Cameron Mitchell
roteiro: David Lindsay-Abaire
elenco: Nicole Kidman, Aaron Eckhart, Dianne Wiest

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Uma maratona em 3 atos...

Na ultima sexta-feira, dia 11, fui ver três filmes indicados ao Oscar de melhor filme que estão em cartaz aqui em Joinville.
Uma overdose de histórias, personagens e atuações das mais variadas possíveis. Uma maratona em três atos bem distintos.
A tarde começou com uma surra de direção, obsessão e paranóia, dei uma respirada num bom drama e fechei a noite com chave de ouro com cinemão a moda antiga temperado com o melhor do humor cínico dos Coen!

Cisne Negro
Um filme a ser apreciado, não vá para matar tempo, não vá “só” para se divertir com os amigos, se for com alguém, vá única e exclusivamente para degustar a mais nova obra do gênio, Darren Aronofsky.
Uma das palavras-chave para Cisne Negro é: obsessão, a busca cega pela perfeição ou até pela imperfeição é o que impera na trajetória de Nina Sayers, vivida por Natalie Portman no melhor papel de sua carreira, o qual ‘finalmente’ vai lhe render o Oscar. Essa paranóia atinge de alguma forma todos os personagens do filme, e é muito bem representada não só pelos atores, mas em grande parte pela frenética fotografia, pela trilha sonora incrível, toda trabalhada em cima das composições de Tchaikovsky e pela direção, que é em minha opinião uma das melhores direções dos últimos anos.
São cenas e mais cenas de ensaios e alongamentos e preparação e cansaço, e o ciclo se repete, e a tensão vai crescendo, e o ultimo ato deixa o espectador totalmente sem fôlego, o filme termina perfeito! Nunca vi esse ‘sombrio’ mundo do balé representado tão bem, não só no cinema, mas em qualquer lugar.
Entre os coadjuvantes, Barbara Hershey está fantástica interpretando a mãe super protetora de Nina, e Winona Ryder que a tanto tempo não via, num papel excelente que quase rouba a cena, não fosse pela protagonista.
O ‘defeito’ (?) do filme é pra quem não está muito acostumado com o trabalho de Aronofsky, essa obsessão dele próprio de se focar num núcleo principal e sugar exaustivamente cada elemento que o compõe! Mas será que se não fosse isso o filme teria esse ‘poder’ todo sobre quem vê? Será que não seria essa a sua principal ‘qualidade’, e é esse o ingrediente que tornaria o filme de fato, perfeito?

Cisne Negro --- IMDB
Black Swan | 2010 | diretor: Darren Aronofsky
roteirista: Andres Heinz (história) Mark Heyman, John J. McLaughlin
elenco: Natalie Portman, Mila Kunis,Vincent Cassel...



O Vencedor
         Baseado em fatos, pra mim O Vencedor é o mais fraco dos indicados a categoria de melhor filme, claro que isso não quer dizer que o filme seja ruim em algum nível, afinal, ele está “Indicado a categoria de melhor filme” né?!      
         Conta a história real do boxeador em ascensão Micky Ward que tem a carreira bastante prejudicada pelo seu treinador e irmão mais velho Dicky Eklund, seu ídolo, ex-boxeador, que foi uma grande promessa no esporte e agora está viciado em crack e pela sua mãe, e empresária, que no fundo só quer o melhor pra ele.
         O melhor do filme é que com esses elementos tinha tudo pra se tornar um dramalhão chato e facilmente esquecível, mas o modo com que o diretor David O. Russell trata esses núcleos faz o filme ganhar até alguns traços de humor muito bem colocados. Não fica parecendo apenas um filme de drama, nem só um filme de boxe, essa miscelânea fica excelente. O roteiro é muito bom, mas a execução dele me pareceu arrastada em algumas sequências.
Uma qualidade a ser notada é que os personagens são muito bem resolvidos, todos os atores estão no lugar certo, não da aquela impressão de que tem alguém sobrando, o que acontece muito nesse tipo de filme. Mark Wahlberg está o bom ator mediano que é normalmente. Já Christian Bale realmente chama a atenção como Dicky, física e mentalmente destruído pelo uso de drogas, e a semelhança com a pessoa real, que aparece no filme, é impressionante, apesar de não ser minha escolha, vai merecer o premio de ator coadjuvante se ganhar. Amy Adams esta como sempre, muito competente e vai ter a sua vez de ganhar prêmios. Mas a mãe, Alice Ward, interpretada por Melissa Leo, ela sim, merece ser reconhecida, sempre excelente esta na hora de levar uma estatueta pra casa, ela é a melhor ‘personagem’ do filme.
The Fighter vale a pena pra quem gosta desse tipo de drama, muita gente pode até discordar do fato de ser o mais fraco dos indicados, mas cada um tem os seus preferidos e não preferidos. Esse é o meu, mas ainda assim acho um filme excelente e que deve ser visto, mesmo que seja só pelos atores.


O Vencedor --- IMDB
The Fighter | 2010 | diretor: David O. Russell
roteirista: Keith Dorrington, Eric Johnson, Paul Tamasy, Scott Silver
elenco: Mark Wahlberg, Christian Bale, Amy Adams...



Bravura Indômita
         Western pra mim é um gênero complicado. Desse século/milênio pra cá, surgiram vários, grande parte eu adorei, filmes muito bons como “Os Indomáveis” (2007) e filmes medianos como “Appaloosa” (2008). Mas nenhum deles me conectou com os Westerns clássicos mesmo, aqueles feitos a moda antiga que te passam aquela atmosfera única. O único que chegou bem perto desse ideal pra mim foi o excelente “Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford” (2007), mas o filme é muito mais um drama do que um Western clássico, daquele estilo “Os Imperdoáveis” (1992) e anteriores.
         Daí então, uma década depois da virada do século, surge Bravura Indômita, já um dos meus filmes preferidos dos irmãos Coen, um filme feito a moda antiga, cinema da melhor qualidade, sem pressa, sem artifícios baratos para chamar qualquer público, e com o diferencial do humor cru e cínico de Joel e Ethan Coen!
         O filme acompanha Mattie Ross, a revelação, sensacional, Hailee Steinfeld, que vai a busca de alguém que a ajude capturar o assassino de seu pai, e esse alguém é Rooster Cogburn, Jeff Bridgess que está simplesmente perfeito, um velho xerife, violento, beberrão caolho que contrasta muito a pose heróica de John Wayne que viveu o papel na primeira versão. Quem se junta a eles nessa caça é o exemplar Texas Ranger LaBoeuf, vivido por Matt Damon, muito bem, como sempre.
         A relação entre esses personagens tão distintos é o que mantem o filme, os objetivos pessoais de cada um, os confrontos idealísticos entre Cogburn e LaBoeuf, a prematuridade de Mattie Ross. O clima é delicioso, aquela atmosfera familiar da era de ouro do faroeste, a música, a fotografia, repleta de planos clássicos, mostrando a silhueta do xerife contra o sol, somados ao roteiro dinâmico, com diálogos ágeis, e altas doses de humor negro de primeira. O filme passa voando, a ação é muito bem dosada, o som do filme realmente chama a atenção, e cada tiro é um acontecimento.
         É daqueles filmes que fazem a gente se perder naquela trajetória, daqueles que a gente não quer que acabe, e quando acaba, o final é maravilhoso. Atenção a como Rooster vai conseguindo mostrar seu valor ao longo do filme, como os laços entre ele, a garota e o ranger vão se fortalecendo. Filme sensacional, recomendadissimo. O melhor western dessa geração, e também melhor do que muitos westerns de gerações anteriores.


Bravura Indômita --- IMDB
True Grit | direção: Joel & Ethan Coen
roteiro: Charles Portis (livro), Joel & Ethan Coen
elenco: Jeff Bridges, Matt Damon, Hailee Steinfeld...

PS: Só lembrando que eu nao comparei com o antigo por não ter assistido a versão de 1969 e nem lido o livro que deu origem.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O Discurso do Rei


Uma idéia peculiar, ao invés de fazer mais um filme sobre algum(a) monarca britânico(a) em determinado momento histórico, escolhe contar a história do Rei George VI através do seu discurso “pré Segunda Grande Guerra” e consequentemente de seus problemas de fala. Dirigido por Tom Hooper, responsável por outro sensacional drama histórico, a minissérie John Adams (2008 - HBO), o Discurso do Rei é um filme sobre tempos difíceis, sobre revolução, sobre relações, mas acima de tudo sobre amizade e crescimento pessoal.
O fantástico roteiro, assinado por David Seidler nos mostra a história de como o Rei George VI (Colin Firth extraordinário!) conseguiu com a ajuda do terapeuta australiano Lionel Logue (Geoffrey Rush também maravilhoso) superar a sua gagueira e assim assumir as responsabilidades de falar para o povo e pelo povo principalmente no momento histórico mundial do fim da década de 30.
Logo que se sai do cinema a sensação é de felicidade, alívio, o filme consegue emocionar em cada cena, em cada frase que quase não sai da boca de Colin Firth, todo o elenco está de parabéns, o trio principal mereceu muito ser indicado. Helena Bonham Carter tão marcada por papeis excêntricos está perfeita como uma contida britânica. Várias participações de personagens históricos criam um plano de fundo crível da Inglaterra dos anos 30.
Alem das atuações, do roteiro e da direção a parte técnica do filme é impecável, a fotografia de Danny Cohen está perfeita, direção de arte, figurino, não é preciso nem comentar, chamam muito a atenção os enquadramentos da câmera nas varias cenas em que o Rei aparece, sempre distante, mesmo os closes são feitos meio de lado, mostrando o peso enorme que o personagem carrega, e isso muda à medida que ele evolui. E a trilha sonora, às vezes quase imperceptível da o tom exato do drama.
Atenção a cena do discurso final, sinta, cada elemento ali colocado, a edição, a musica, aos atores, aí estão os Oscar de melhor ator, diretor e fotografia que o filme com certeza vai ganhar. 


-MUITO BOM-


O Discurso do Rei  --- IMDB
The King's Speech | 2010 | direção: Tom Hooper
roteiro: David Seidler
elenco: Colin Firth, Geoffrey Rush, Helena Bonham Carter...

WARNING

O titular do direito autoral da obra audiovisual... brincadeira..


Falando sério, eu só fiz esse Blog porque eu queria um lugar pra colocar as minhas opiniões sobre o q eu consumo de entretenimento, eu nunca escrevi uma critica e não posso garantir qualidade logo de cara, talvez eu melhore com o tempo, talvez eu desista do Blog, só tenha noção de que eu nunca escrevi nada assim na vida, não vá esperando muita coisa... ;D