domingo, 27 de março de 2011

Em um Mundo Melhor

“All you need is love...”


Hævnen (“Vingança” em dinamarquês) talvez não seja o nome apropriado para ser traduzido ao pé da letra, a tradução no Brasil e em vários países ficou como Em um Mundo Melhor, uma tradução excelente, por que é por isso que nós e os personagens do filme ansiamos, por isso que nós lutamos e é isso que nós queremos que os nossos descendentes alcancem.
O filme acompanha a história de duas famílias, cujos destinos se cruzam através dos filhos. De um lado temos Christian, de família mais rica, acaba de perder a mãe e se muda para a cidadezinha com o pai. Do outro temos Elias, filho de Marianne e Anton, que estão à beira de uma separação devido à ausência de Anton que trabalha como médico em algum lugar da África. Os dois garotos acabam se conhecendo na escola e se tornam amigos quando Christian defende Elias de um valentão. E aos poucos Elias vai percebendo a revolta de Christian com o mundo, então as coisas começam a se complicar.
Mas a beleza de Em Um Mundo Melhor não está necessariamente nos acontecimentos, até porque tudo isso acontece em nem 2% de filme, a beleza do filme esta nos personagens, nas reações a esses acontecimentos, as situações que eles enfrentam. O que é o certo e o errado? Aquilo em que eu acredito é uma mentira? Será que estou tomando as decisões certas?
Eu não tenho filhos, talvez um dia eu tenha isso me faz pensar, será que eu seria um bom pai, tenho muita opinião formada na minha cabeça, muita coisa que parece correta, mas será que é mesmo? A diretora Susanne Bier trata disso com uma maestria, com uma técnica, e com uma sensibilidade incrível.  O modo como as situações são apresentadas aos personagens é brilhante, o roteiro assinado por Anders Thomas Jensen mantém uma linearidade de acontecimentos e ao mesmo tempo uma crescente de tensão que culminam em uma miscelânea de sentimentos dos personagens e principalmente do espectador. Mas Jensen escorrega ao apresentar um final ‘fácil’ o clímax do filme não atende as expectativas geradas. Mas isso não compromete muito, apesar do final clichê, versatilidade do roteiro alternando os núcleos mostrados ao longo de todo o filme é brilhante.
As atuações estão sempre em perfeita sintonia com a direção e roteiro, Mikael Persbrandt (Anton, pai de Elias) nos apresenta um bom homem, um pai que ama profundamente o filho, que faz de tudo para tomar as decisões certas tanto em casa quanto na violenta vila onde ele é médico na África. Os garotos estão excelentes, principalmente Christian, que traz um ódio no olhar e uma revolta pela perda da mãe, que se refletem em cada ação dele durante o filme.
A trilha e a fotografia trabalham juntas com a diretora, cenas belíssimas como a conversa de Anton com Elias enquanto eles arrumam a bicicleta mostram bem isso, refletem o clima do filme, o sentimento dos personagens, a trilha pacata, o tom azulado da fotografia e os takes dos gestos de pai e filho.
Em um Mundo Melhor é um filme sincero, não passa a sensação de filme pretensioso que se vê tanto nesse estilo, consegue emocionar e trazer certos questionamentos à tona. Vejam! 

-MUITO BOM-

Em Um Mundo Melhor --- IMDB
Hævnen | Dinamarca | 2010 | direção: Susanne Bier
roteiro: Anders Thomas Jensen
elenco: Mikael Persbrandt, Will Johnson, Trine Dyrholm


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